A cura da Deusa

Este é um resumo de como a terapia mudou a minha vida. Espero que ele seja útil para outras pessoas com problemas parecidos com os que eu tinha.

Com 17 anos eu perdi a virgindade sendo violada, bêbada em uma festa em casa, por um grande amigo do meu pai que eu considerava um tio. Eu tentei falar com minha mãe no dia seguinte sobre o que tinha acontecido, mas ela não quis acreditar e afirmou que era só sonho e me mandou guardar isso para mim. Eu fiz exatamente isso e guardei aquilo por muitos anos. Bloqueei “debaixo do tapete” o que aconteceu e pensei que isso tinha sido suficiente. Mas é como o Leandro disse na nossa primeira sessão:

“O inconsciente não se contenta em guardar nossas feridas. Ele tentará chamar a sua atenção de várias maneiras, para que você as resgate e as cure. E ele fará isso através dos padrões e das doenças físicas ou psicológicas.”

E hoje eu olho para trás com toda a sabedoria que adquiri nas sessões. Como não tinha notado isso antes? Esses padrões e esses gritos do corpo. Quando a gente fechou os olhos para essas coisas?

Para resumir a minha vida, primeiro veio o padrão de sempre me sentir violada nos relacionamentos. De sempre atrair homens abusadores, inclusive alguns que acabaram me desrespeitando quando eu estava em posição vulnerável (como no primeiro acontecimento). E o que para mim era apenas falta de sorte, hoje sei que era meu inconsciente tentando replicar o que aconteceu (os complementares se atraem).

Depois vieram as doenças do corpo e da mente. Uma doença autoimune da tireoide e garganta inflamada várias vezes por ano aqui (por não expressar as minhas dores), uns nódulos no útero, nos seios e uma endometriose ali (por ter carregado a raiva da minha mãe e do meu lado feminino por tantos anos). Uma depressão, uma ansiedade, uns ataques de pânico… Tudo controlado por pilhas de medicamentos e cirurgias. Sempre ignorando o que o meu corpo queria me mostrar, me dizer… Por que fazemos isso? Mais uma vez vou citar o que o Leandro, meu guru que não acredita em gurus, me falou:

“Não negue a ciência. Nós precisamos dela. Mas infelizmente hoje ela está apenas tentando calar o corpo, quando deveria nos ajudar a escutá-lo.”

Pois é. Hoje eu sou uma mulher de cinquenta anos. E posso dizer que os últimos sete meses, após conhecer a terapia, foram os meses mais felizes da minha vida. Na verdade, parece exagero, mas agora que eu sei o que é ser feliz, eu não acho que tenha sido feliz antes, sabe?! Não lamento a minha vida. Tudo foi necessário para que eu aprenda (apesar de às vezes ter sentido raiva após as sessões, quando me tornava consciente do que eu fazia ou de como havia me transformado em alguém tão distante de mim mesma). Mas tudo que eu fiz não parece ter sido escolha minha, mas dessas feridas que eu guardava, sabe. Como o mestre Jung um dia disse (e o Leandro me mostrou), o inconsciente guia a nossa vida enquanto não o trazemos para a consciência.

E como minhas curas aconteceram? Tentei várias vezes escrever sobre elas, mas parecia que sempre acabaria escrevendo um livro muito longo. São muitas informações, muitos insights, muitos acontecimentos, muitas mudanças na vida. Apenas quem passa por isso sabe como é. Então eu resolvi não explicar muito e só listar os pontos principais:

  • Resgatei a dor do estupro. Chorei muito, a ponto de quase vomitar. Achei que o mundo estava acabando (“acolha com amorosidade”, disse o Leandro, “acolha esse sentimento como você não pode fazer naquela época”), depois me senti limpa (que sentimento lindo!), leve e tirei um peso enorme de cima de mim. Ressignifiquei aquele acontecimento. Nunca pensei que isso fosse possível! Reaprendi a me entregar, a sentir prazer, a confiar nos homens… Até comecei a me relacionar de novo, e com alguém que me trata bem!
  • Fiz as pazes com a minha mãe. Entendi o lado dela. Vi que ela me ofereceu exatamente o que era possível para ela oferecer. Enxerguei que a vida dela também foi bastante difícil (até mais que a minha. Inclusive ela também tem histórico de abuso). E entendi que ela me ama, do jeito que sabe me amar. E depois disso minha relação com ela, que sempre foi bem conflituosa, melhorou muito!
  • Em paz com a minha mãe, fiz as pazes com a mulher em mim. E olha só, minhas cólicas praticamente sumiram!
  • Comecei a falar para as pessoas quando algo me incomodava e acolhi todo o choro e a dor quando eles apareceram (chega de máscara da boazinha e da forte!). Parei de me violar. E, olha só, nunca mais tive dores de garganta… Nada!
  • Parei de tomar remédio para dormir e diminuí a dose do meu ansiolítico (meu médico disse que em breve testarei ficar sem ele). Adeus, insônia! Adeus, ansiedade!
  • Não deixei de ter momentos tristes, mas eles deixaram de me derrubar como antes. Agora consigo enxergar o que precisa ser enxergado na maioria das vezes, e a vida continua. Isso é libertador!

E é isso… Para finalizar, a terapia, através dessa ferramenta maravilhosa que é o Leandro, me mostrou que eu sou inteira. E sendo inteira, não preciso buscar minha felicidade em alguém. Eu SOU feliz. E quem entra na minha vida desde então só entra quando eu deixo, e para enriquecer essa FELICIDADE que já existe. Eu sou uma DEUSA.

Com amor, aquela que renasceu.