Eu sou uma típica geminiana, curiosa, falante, volátil. Tinha recentemente passado por crise de ansiedade e, por isso, voltado à terapia. Quando um dia, viajando pelos confins do Instagram, conheci o perfil do Leandro. Conheci não, a palavra certa seria REconheci. Eu o conheci há décadas, tínhamos um amigo em comum na adolescência. Lembrei-me daquele sorriso bonito logo que vi as fotos (o sobrenome incomum também ajudou no reconhecimento). Li um texto que ele tinha escrito que combinou perfeitamente sobre o que eu tinha falado com a minha terapeuta no mesmo dia, isso só podia ser um sinal. Logo comecei a conversar com ele e marquei minha primeira sessão.
Curiosa que sou, tratei de ler tudo que encontrei a respeito da terapia nesses dias até a primeira sessão. No site dele, o que mais me pegou foram os depoimentos. Um deles falava “toda mulher precisa sentir isso na vida”. Eu precisava sentir também!
– Primeira sessão
Eu cheguei ao espaço dele e me senti segura. O modo como me recebeu, com sorriso, a cadela Vivi sempre por perto… O ambiente era totalmente diferente de qualquer terapia que eu já tinha feito, parecia meio familiar. Tudo contribui para isso: as plantas, os livros, o sol entrando pela janela na sala de casa…
Logo que me sentei ele perguntou: “o que você busca?”. Eu falei: “autoconhecimento” e continuei: “Vim porque sou curiosa mesmo, não tenho problemas em relação à minha família de origem. Sou uma mulher de trinta e poucos anos, bem resolvida com minha autoestima e com vida sexual bastante ativa”. Pobre de mim (haha!)… Eu realmente acreditava nisso e não poderia estar mais errada. Duas horas de conversa depois, com o choro entalado na garganta depois de muitas verdades descobertas, “jogadas na minha cara”, sobre como as minhas relações familiares do passado afetaram a minha maneira de lidar com todas as pessoas com quem me relacionava, eu me senti extremamente inocente por achar aquilo.
Nós partimos então para a segunda parte da sessão, a massagem. Se antes estava ansiosa e com medo ao mesmo tempo, depois desse tanto de insight eu só tentava processar tudo aquilo. O Leandro, muito profissional, passou muita segurança, deixou claro como funcionava a massagem e frisou que seria tudo meu, a dor ou o prazer que sentisse. Uma frase que ele falou foi bem marcante “você é a dona da porra toda!”. Naquele momento em que eu não sabia mais nem quem eu era de verdade, ser dona de alguma coisa era importante.
Depois da ducha, fui para o espaço onde a massagem acontece. Aconchegante, tudo muito limpo, música tranquila, cheiro de incenso, tudo para deixar o momento mais relaxante possível. Deitei, fechei os olhos e comecei a respiração (que parece ser mais fácil do que é, mas praticando melhora). O toque da seda na pele já sinaliza o prazer que a sutileza pode trazer. O prazer vai aumentando, o corpo todo vira um meio para sensações maravilhosas, inexplicáveis, parece que a energia, que estava parada antes, começa a se movimentar dos pés até a cabeça. É um misto de sensações: prazer, agonia, prazer, frio, prazer, dormência, prazer, prazer… até que Ele veio. Senti um grande orgasmo e entrei em transe, acessei uma memória de abandono e DESABEI. Chorei como não tinha chorado na morte do meu pai. Chorei como não me permitia chorar há muitos anos. O Leandro falava: “acolhe, deixa sair”, e era exatamente como eu me sentia, segura e acolhida.
Semanas antes daquele dia, quando marquei a sessão, achei que fosse sentir atração por ele, um homem muito bonito me proporcionando um orgasmo que nunca tive? Claro que sentiria atração! Outra vez estava enganada. No fim daquela primeira sessão eu só sentia gratidão. Não o vi como homem. O Leandro era um meio, alguém que me pegou pela mão, me levou a encontrar meus próprios medos e a enfrentá-los. Entrei lá achando que eu era uma mulher bem resolvida e saí uma mulher com compulsão sexual causada por muito medo de rejeição e episódios de abandono na infância, que precisava ser tratada.
Eu saí de lá tonta com tudo que havia sentido. No dia seguinte ninguém podia me tocar que eu chorava. Era como se minha energia, antes quase inalcançável, tivesse ali à flor da pele, para que todos pudessem tocar. Eu não era forte como dizia ser, era alguém com muitos medos e muitas couraças, que já não me permitiam sentir quase nada, nem amor nem tristeza nem prazer…. Minhas relações estavam ficando banais porque eu não me permitia sentir, não me permitia ser acessada, e isso vinha me trazendo uma grande frustração e alimentava a minha compulsão sexual.
– Segunda sessão
Entre a primeira e a segunda sessão senti algumas mudanças: minha libido caiu, mas minha sensibilidade aumentou. Eu comecei a sentir culpa, medo, sentimentos que eu não costumava sentir. Tentei fazer o que ele me sugeriu: afastei-me de quase todos os parceiros que tinha na época, evitei bebida alcoólica, tirei a máscara da boazinha (como eu tinha pavor da rejeição, tentava agradar a todos mesmo que não me agradasse), tentei ser mais leal comigo, me perdoar mais, não usar o chicote contra mim. Foi um período de introspecção e mudanças.
Cheguei na segunda sessão com uma decisão: quero sentir isso com o meu parceiro. Quero tocar e ser tocada com essa sensibilidade pelo meu parceiro, quero amar e ser amada. Não quero mais ter relações sexuais banais onde não há troca de energia positiva, só de fluidos. Leandro entendeu bem o que eu precisava e me deu várias dicas de como eu poderia melhorar a minha relação: inclusive falar sobre o que eu gosto ou não gosto mais diretamente, ou detalhes como fechar os olhos na hora de transar (a pornografia nos ensina que é legal ficar assistindo, mas fechar os olhos e deixar todos os outros sentidos aguçados pode ser muito mais prazeroso).
Nessa sessão eu já estava tão mais aberta que rapidamente tive aquele orgasmo incrível. Não teve choro. Eu vi ondas roxas passando pelo meu corpo. Por sinal, senti meu corpo vibrando, mesmo depois de ele não estar mais me tocando, por mais de 10 minutos. Eu me senti mágica! A deusa que habitava em mim finalmente mostrava o rosto! Saí de lá sentindo minha libido muito alta, mas dessa vez de forma não doentia, e no dia seguinte experimentei praticar as dicas que o Leandro tinha me dado para usar com meu parceiro. Nem consigo expressar o quão feliz eu me senti ao ver o meu parceiro de treze anos de relacionamento tendo espasmos musculares diversos ao chegar ao orgasmo. A deusa que habitava em mim conseguia acender e acordar a energia que aquele homem nem sabia que tinha. Foi mágico! Foi o melhor momento junto com ele em muito tempo.
Após essa segunda sessão percebi algumas mudanças no meu corpo, além do que já vinha acontecendo com meus sentimentos. Passei a senti-lo mais sensível. Inclusive voltei a sentir minha mama direita (fiz uma mamoplastia redutora há quase 20 anos e não tinha muita sensibilidade desde então). Também passei a olhar para minha vagina com mais carinho e não falar mais palavras degradantes sobre ela ou sobre o meu corpo, o que melhorou minha autoestima.
– Terceira sessão
A terceira sessão foi totalmente voltada para questões do passado, para problemas com a minha mãe. Nesta, o Leandro me apresentou, antes da massagem, uma técnica chamada Thetahealing, até então desconhecida por mim. Visando ressignificar algumas crenças limitadoras, identificamos e trabalhamos para mudar essas crenças. Me ouvir falando “eu não mereço ser amada” foi algo muito triste. Algo tão escondido, tão enraizado dentro de mim que jamais poderia ser dito em voz alta. Mas aconteceu. E como foi transformador! Não consegui conter o choro de novo, não com o desespero da primeira sessão, era diferente. Naquele dia eu consegui tirar esse peso que carregava, tirei de mim essa crença, assim como outras, e só eu sei como saí leve de lá. Parecia que várias correntes que me seguravam tivessem sido quebradas.
Os dias que seguiram após a terceira sessão foram de muito amor próprio, leveza e criatividade. O que claramente também refletiu na minha relação com pessoas à minha volta. Eu tive orgasmos mais intensos no sexo. A libido continuou alta. Eu senti necessidade de resolver coisas do passado e encerrar ciclos.
Eu ainda estou no processo de cura. Sei que ainda posso aprender muito mais sobre mim e melhorar minhas relações. Aquela mulher que, meses atrás, não sabia nada sobre si mesma hoje deu espaço para outra mulher, que reconhece suas fraquezas, deseja permanecer leal a si mesma antes de ser leal aos outros e tem cada vez mais amor, respeito e gratidão à deusa que habita dentro dela.
Rosana.
