Eu nunca conheci alguém muito arrogante que, quando me aproximei, não tenha apresentado uma insegurança fora do comum. Parece-me, inclusive, que a arrogância é diretamente proporcional à insegurança não aceita — como uma defesa contra aquilo que ainda é sombrio e está vinculado a algo de insegurança, de fragilidade temida ou de fraqueza mesmo.
Não é novidade que nós humanos temos a infantil mania de correr em direção a um extremo para tentar fugir da ameaça que se encontra no outro polo. Assim, por exemplo, aquele homem com medo angustiante da impotência — seja na vida ou na cama —, por não enfrentar essa possibilidade de impotência, corre desesperadamente para construir uma persona de superpotente. E muitas vezes ele se apega tanto a essa persona, que, além de convencer os outros, ele se convence de que realmente não existe impotência alguma em si. Torna-se, portanto, uma referência de superpotência. Carrega uma bandeira, quer liderar, precisa falar sobre isso o tempo todo, como uma criança que coleciona troféus, conquistas, brinquedos, números…
Porém, quanto mais tentamos reprimir o que é de nossa natureza, mais o lado reprimido nos ameaça. Ou seja, o superpotente sente cada vez mais a ameaça da impotência. Mas, com toda imaturidade que esconde em sua arrogância, ele chega à conclusão de que precisa, para vencer essa ameaça, de ainda mais superpotência. E mais. E mais. E mais. Até que a impotência, dos confins do submundo reprimido do inconsciente, ganha energia suficiente e toma conta de forma destrutiva da vida toda que ele tentar controlar com sua persona.
Por não a aceitar, ele se torna a própria impotência. Seja na vida, na cama, na saúde, no trabalho ou nas relações…
Lembre-se: nosso objetivo não é ser perfeito, é ser inteiro. E arrogância alguma fará você escapar do seu destino de integrar suas sombras — ou de ser destruído por elas pelo caminho de teimosa negação.
Ps: este texto não é exclusivo para os homens. Cada um que olhe para si.
Leandro Scapellato
