Não há nada de errado em experimentarmos emoções consideradas negativas. Em algumas situações, inclusive, elas podem ser bastante úteis, como, por exemplo, a raiva, que pode servir de força para sairmos de uma relação tóxica. Ou, ainda, a tristeza, para nos isolarmos um pouco enquanto entendemos onde erramos em algum planejamento importante. Não há nada de censurável em ter essas emoções básicas como passageiras temporárias em nossas mentes. O erro, no entanto, está em convidá-las a morar dentro de nós e oferecer-lhes um emprego vitalício como guias da nossa jornada.
Faça o seguinte exercício mental: imagine um lugar maravilhoso e agradável para representar a sua vida. Em meu exercício, eu imaginei o Museu do Louvre. Agora, imagine dois tipos de guias diferentes para sua visita a esse lugar escolhido:
O primeiro, representando os sentimentos construídos com sabedoria, seria uma pessoa inteligente, educada e com todas as qualidades que lhe garantiriam uma visita completa e satisfatória ao lugar escolhido. No meu caso, esse guia me mostraria e explicaria as principais obras do museu e, também, me forneceria um roteiro satisfatório dentro da imensidão do Louvre.
E o segundo guia, representando as emoções explosivas, seria um bode, um ser de pensamentos primitivos, que, na maioria do tempo, está interessado apenas em resolver as suas necessidades básicas. Em meu exercício, deixando o bode como guia, além de não conseguir aproveitar a visita ao museu, ele, sem pestanejar, ao menor sinal de fome, comeu a Monalisa com o peito estufado de quem realmente acredita que essa era a melhor solução para o problema que chegou até ele.
Veja bem… As escolhas feitas pelo nosso bode (representando a raiva, o medo, o nojo, etc.) muitas vezes não têm volta. Nem tudo que é feito pode ser desfeito, e nós somos os responsáveis por isso. O que fazemos ou falamos pode, muitas vezes, causar uma consequência tão profunda nos outros e/ou em nós mesmos, que é praticamente impossível consertar depois que o bode vai embora, saciado.
Não é possível “descomer” a Monalisa, entende?
Então me diz: as suas emoções explosivas guiam a sua vida?
Leandro Scapellato
